sábado, 30 de maio de 2015

wrong way

Uma das coisas que sempre mais admirei no N foi o facto de ser um rapaz bastante diferente daquilo que poderia ser, dado a vida que tem. Nunca arrogante ou com a mania da superioridade a falar com alguém, pelo facto de ter 10 raparigas atrás dele; sempre muito certinho quanto a horas de chegar a casa e quanto ao número de vezes que saía, por vontade própria, para não deixar a mãe sozinha em casa durante muito tempo; tabaco e álcool em exagero sempre foram assuntos fora de questão (nunca o vi alegre sequer); os melhores amigos dele eram as mesmas pessoas desde o 5º ano, apesar de conhecer quase a cidade inteira. Quando o conheci, já o conhecia (por ele ser amigo de amigas minhas e também porque pouca gente há aqui que não saiba quem ele é) e foi uma surpresa enorme para mim descobrir todas estas coisas sobre ele. A ideia que tinha (e tenho) de quase todos os rapazes 'populares' é de que só querem ir a festas, sair até de manhã, beber, fumar e falar com o maior número de raparigas que conseguirem... ele era exatamente o contrário.


Ontem foi o sarau da minha escola e toda a cidade estava lá. Fui com a minha turma e com o resto do pessoal (aqueles amigos que eram do N, mas ficaram meus amigos, mesmo depois de termos acabado) e a J contou-me que está chateada com ele. Chateada é pouco, ela estava completamente fula: a maneira como ela explicava o porquê do sucedido e a cara dela quando eu disse que ele também devia ir lá ter connosco eram de raiva e completa desilusão. 

- Eu já não o conheço, ele não é a mesma pessoa. Está um nojento e um porco, e isto é tudo por causa dos amiguinhos que ele tem agora.
- Que amiguinhos?
- Adivinha.
- O D? - ao que ela assentiu com a cabeça.

Fui direitinha ao nome porque já estava à espera. O D é provavelmente o rapaz mais grosseiro e infantil e otário com a mania da superioridade que eu conheço (já falei dele aqui, foi aquele rapaz que gozou com um amigo meu, nas listas para o parlamento jovem). Ele é mesmo daqueles gajos que acha que é lindo, que tem o mundo a seus pés, que acha que é o mais desejado da cidade e que tem muitos haters porque tem uma namorada bonitinha e porque acha que pode andar com as raparigas que quiser. Eu odeio-o profundamente e o N sabe disso porque estávamos juntos quando houve aquela confusão toda e eu andava mesmo revoltada com a situação. Mas o D era amigo de amigos dele e saíam algumas vezes no mesmo grupo e, por isso e por nunca ter sido do tipo de pessoa que se mete em confusões, não disse nem fez nada em relação ao assunto. Daí a terem-se tornado melhores amigos é que eu já não imaginava, mas ultimamente vejo-os sentados na mesma mesa do café, com outro pessoal, a comentar as fotos um do outro, a fazerem festas, a combinar saídas, etc.


- Ele está tão diferente, I. Tu não notas? A culpa é toda daquele deficiente do D. O N já nem sai connosco, nem sequer liga a ninguém, já não quer saber das pessoas com quem costumava estar todos os dias. Só fala de merda, tens visto as fotos que ele põe no instagram? (tenho, basicamente são todas relacionadas com comentários e frases de engate porcas) Agora fuma, bebe demasiado, no outro dia a M disse-me que ele comeu (odeio esta palavra, mas em falta de melhor...) a T. A T!!!! Aquela oferecida que anda com metade da cidade! Ele está completamente perdido. Não tenciono falar com ele enquanto ele não abrir os olhos e vir no que se está a tornar.

Eu sempre desconfiei que havia alguma coisa esquisita entre ele e a T. Apesar de ela não fazer parte do grupo, eles comentavam muitas vezes as fotos um do outro, sempre com brincadeiras de quem fala regularmente. E isso já acontecia quando namorávamos e já acontecia antes de namorarmos, por isso nunca me importei. Tinha plena noção de que se ele quisesse, ela queria, mas eu sabia que ele não queria nem era do tipo de rapazes de se meter com uma qualquer (principalmente, com namorada), por isso nunca fiz filmes em relação a isso. Isto tudo faz-me pensar no quão desesperado ele deve estar agora para se meter com ela, depois de a conhecer e ter tido oportunidade para o fazer durante mais de 2 anos, sem nunca se sentir minimamente inclinado para tal. O que quero dizer é que duvido que, em pouco mais de dois meses, ele tenha percebido que ela, afinal, até faz o género dele e até gosta dela mais do que gosta de uma simples amiga.


No fundo, eu não quero acreditar em nada disto. Ele continua igual comigo, igual ao rapaz incrível que sempre foi. Depois de tudo o que aconteceu entre nós, ficamos amigos (porque não fazia sentido ser de outra maneira) e falamos muitas vezes, estamos juntos em festas ou no café, de vez em quando, e nunca notei nenhuma diferença de atitude. Mas se o que a J me contou é, de facto verdade, ele já não é ele próprio, mas sim alguém parecido com o D, alguém que eu não suporto, mas quem sou eu para lhe dizer para ele acordar para a vida? Para lhe dizer que ele não é assim? Que ele detesta tabaco e álcool? Que só teve 3 namoradas, incluindo eu, porque acha errado meter-se com raparigas por quem não sente nada? Há alguma coisa que eu tenha o direito de dizer ou impor, depois de tudo a que já o sujeitei por causa das minhas inseguranças e infantilidades? Acho que não. E não poder fazer nada é o que custa mais.

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