sábado, 23 de maio de 2015

Os meus pais iriam passar-se se lhes dissesse que queria ir estudar para fora?


Provavelmente, numa fase inicial - o choque pela 'tomada de decisão', mas acho que não iriam ficar muito surpreendidos. Toda a família está farta de saber o quão fascinada sou por Nova Iorque e pelo mundo, em geral. 

Há algum tempo, o meu pai, no meio de uma conversa sobre as notas que tive no 2º período, saiu-se com isto: "é esse o problema das escolas públicas... nunca ajudam os alunos a ter margem para descer um bocadinho nos exames. Para se conseguir manter a média depois, é preciso que a média antes já seja de 19 tais. Mas bem, eu estou para aqui a falar e nem sei o que ela quer" ao que eu respondi "já te disse que é Medicina, já falamos sobre isso" e ele voltou "já falamos sobre muita coisa, mas nunca me convenceste de que era isso que querias realmente. Mas também olha: informática parece-me que tem futuro, mas não acho que tenha muito a ver contigo; em direito, cá, és explorada; ensino nem vale a pena, porque está pior que sei lá o quê; moda e essas coisas que tu até tens jeito, só se for para o estrangeiro... tu até nem te importavas, não era?". A primeira conclusão que tirei da conversa foi que ele se sente, de certa forma, culpado, por falar tantas vezes de Medicina sem nunca se preocupar em perguntar-me o que eu realmente quero. Por outro lado, acho que ele finalmente percebeu que eu estou completamente à nora, sem certezas de nada e preocupada porque esta grande decisão espera-me dentro de pouco tempo. Ele não quer que eu escolha Medicina só porque ele acha que isso é o melhor para mim, ele quer que eu queira também. Por fim, acho que ele quer que eu tenha todas as experiências que ele não teve oportunidade de ter, no passado (o meu pai adora viajar, mas fá-lo pouco). 

Acho que seria fácil para mim voar para Nova Iorque, sabendo que iria estudar lá durante uns anos, mas obviamente que não é assim tão simples (seria fácil no primeiro dia). Ia morrer de saudades das pessoas que tenho cá, de toda a minha família, amigos, da vida que, apesar de pequena, foi feita cá desde o início. Claro que não seria fácil estar sozinha numa cidade enorme sem o abraço da mamã quando qualquer coisa corresse mal, a comida pronta na mesa, todos os dias, à mesma hora nem ter os avós a 10 minutos de carro. Por isso é que eu falo, falo, mas na hora da verdade não sei se seria capaz de o fazer. 

Tenho quase a certeza que, se tivesse as coisas bem definidas na minha cabeça, tudo planeado e com todas as certezas do mundo, os meus pais iriam ponderar. Iriam ficar reticentes claro, bastante até, mas iriam pensar no assunto. A verdade é que eu não sinto que pertenço aqui e os meus pais não querem, de longe, ser responsáveis pela minha infelicidade. As you can see, I got a lot in my mind right now.

Um comentário:

  1. Acredito que seja uma decisão difícil, mas tu consegues :) Pelo que percebi tens excelentes notas, o que te dá mais possibilidades de escolha ^^ Segue o teu coração, mas não te esqueças de pensar no futuro. Boa sorte!

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