domingo, 4 de janeiro de 2015

foda-se


Hoje houve uma notícia que me chocou  a todos os níveis. Não me desmanchei porque estava à mesa, a jantar. Todos sabemos que estamos numa época de crise, em que não há dinheiro, em que o governo rouba o povo a torto e a direito e os cintos têm que se apertar. E por isso todos os dias há debates, discussões, manifestações, pessoas zangadas, revoltadas, berros, insultos, palavrões, cadeiras derrubadas, copos partidos. Somos todos uns desgraçados, coitados de nós, tiram-nos tudo. E esta menina, de sete anos, que sofreu um acidente de helicóptero onde perdeu os pais, a irmã e a prima? Que ficou sozinha, à noite, no escuro, no meio do nada, em pânico, magoada, com frio, assustada, completamente desfeita? Que deve ter chamado por ajuda dez mil vezes e nunca foi acudida? Que atravessou uma floresta cheia de buracos, silvas, troncos, descalça, com o pé aleijado, para tentar procurar por ajuda, sem saber sequer se iria ter a algum lado? Esta menina, em horas, já sofreu mais que todos nós sofremos e provavelmente iremos sofrer em toda a nossa vida. E nós queixamo-nos. Temos a puta da lata de nos queixarmos. A nossa vida é uma merda. Só quero ir lá fora, às 3h da manhã, pôr-me de joelhos, bem no alcatrão, berrar bem alto e chorar de raiva. Quero saber porquê. O que é que ela fez, para perder tudo de uma vez e merecer ficar sozinha no mundo? Quero abanar a cabeça das pessoas, espancá-las até elas abrirem os olhos e ficarem gratas por aquilo que têm. Para se lembrarem que sempre que pagam mais 10cent/litro de gasolina, vão ter alguém em casa com quem reclamar sobre o assunto. Aquela menina não. 

Lembrem-se do que é verdadeiramente importante.

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